O Suave Milagre 124 - De gala

Um dia fui a um baile de gala. Fui de vestido longo, ombros à mostra, saltos altos, cabelo arranjado e maquilhagem.
Já foi há uns anos, mas ainda hoje, sempre que a imagem que tenho de mim fica meio embaciada no espelho que são todos à minha volta, sempre que não me reconheço nesse reflexo, vou buscar a minha foto no baile de gala. Porque ela confirma-me o que sou, dourada, sorridente, luminosa, jovem e profundamente feliz em cada célula. Se me pudessem virar do avesso seria aquela imagem que veriam, a tal da essência. Aquela "eu" nunca será passado, nunca será memória mas uma eterna meta, ponto cardeal, referência, baliza, fasquia, padrão, bitola… (já vos disse que sou sinónimo-obsessiva?).
Aquela "eu" é ao mesmo tempo o que fui, o que sou e o que ainda serei.
Nunca a esqueço. Nunca a subestimo. Nunca a abandono.

Singularidades de uma rapariga loura 126 - Eu tenho dois amores

Gabriel O Pensador e Lulu Santos- Astronauta

Singularidades de uma rapariga loura 125 - Piloso é formoso!

A notícia da separação do Reynaldo já rendeu e rendeu, mas ainda vou a tempo de dar minha colherada.
Pessoalmente tenho pena, confesso que gostava do casal. À Gabi devo excelentes entrevistas, uma forte influência na minha opção profissional e capital positivo no meu nome. Ao Reynaldo sempre achei que faltava alguma coisa: charme, personalidade, sex appeal ou um nome próprio de jeito (que Reynaldo, convenhamos, é um nome mau de cama, como Orlando por exemplo, mas isso é assunto para outro post). O facto inegável é que o rapaz, além de ter bom carácter, que isso de ser bonzinho também conta, tem uma beleza limpa, perfeita, limada, escultural, de deus grego. Mas aí é que está, as estátuas gregas não têm pêlo e eu acho que ao Reynaldo fazem falta umas pilosidades estratégicas: a trunfa, a barba, o pêlo peitoral... os tufos clássicos, entenda-se. É que isso dos 'deuses gregos' está a perder a popularidade.
Vai por mim Reynaldo, menos escultural, menos escultural...

O Suave Milagre 123 - Sonhei contigo esta noite

Eu tinha a mesma idade mas tu estavas mais velho, bem mais velho. Estávamos os dois num grupo de gente, que jantava num restaurante qualquer, onde tinham juntado uma fila de mesinhas redondas com tampo de pedra fria, talvez mármore. Eu já estava lá quando chegaste e como não me surpreendi, acho que sabia que vinhas. Ficaste num extremo da fila de mesas e eu no outro. Trazias um t-shirt verde com um desenho à frente e uma calças pretas. Senti-me tão feliz por te ver que não parava de sorrir e não ligava nenhuma àquilo que diziam à minha volta. Vi que os teus olhinhos minúsculos brilhavam como sempre, reparei nas tatuagens dos teus braços e que a tua pele já não era jovem e elástica. Fiquei contente por ainda teres tanto cabelo. Lembro-me de termos estado juntos, de termos conversado, de me teres dito qualquer coisa sobre o meu fígado, prometo-te que vou estar atenta.
Depois senti uma enorme vontade de te abraçar, abracei-te incondicionalmente e acordei.
Fica aqui para lembrar e nunca esquecer.