A minha amiga
A.S. acha que deve sofrer do
síndrome My Fair Lady. Tal como ela, a maioria das minhas amigas tem queda para os homens mais velhos. Eu, nesse grupo, sou excepção. Devo sofrer do síndrome Mrs. Robinson. Opto quase sempre pelos rapazes mais novos, embora não seja tão voluntário como isso. Nunca um rapaz mais velho (ou deverei dizer um homem?) se mostrou realmente interessado por mim. Desde os colegas de liceu até aos colegas de trabalho, passando pelas saídas à noite, são sempre mais novos os interessados. O "mais velho" que consigo é nascidos no mesmo ano, embora uns meses à frente. Essa tendência, sinceramente, nunca saberei explicar. E seria complicada de gerir em termos de expectativas não fosse o caso de eu até gostar de rapazes mais novos. Assim sendo... tudo está em harmonia. Recebo aquilo que aprecio, e aprecio aquilo que recebo.
A princípio tudo começa por ser uma questão estética. São gostos e esses não se discutem. Há quem, como eu, ache a juventude bela, radiante e cheia de potencialidades :-), outras haverá que acham uns cabelos brancos e umas rugas muitíssimo mais atraentes. A parte mais profunda da questão vem depois (ou não).
Relativamente a essa parte não tenho certezas mas avanço algumas teorias:
Teoria 1 - O troféu
A mulher mais velha encara o relacionamento com um rapaz mais novo como a conquista de um troféu, numa inconsciente competição com as suas congéneres mais novas, do estilo: "ele podia ter todas as rapariguinhas jovens e frescas que quisesse mas foi a mim que escolheu", ou seja, apesar de ser a competidora com
handicap (leia-se com rugas), saiu vencedora.
Teoria 2 - Protegida ou Protectora
Esta teoria baseia-se na crença de que só existem dois tipos de mulheres: as que querem proteger e as que querem ser protegidas. Nenhuma é melhor do que a outra, são apenas necessidades diferentes. Sendo assim, aquelas que procuram relações com homens mais novos são as que se realizam mais no papel protector. E pela ordem inversa, as que preferem os homens mais velhos são as que desejam ser protegidas.
Teoria 3 - Admiração e Audiência
A mulher mais velha procura (ainda que o negue) no rapaz mais novo a qualidade de audiência. Alguém que lhes admira e aplaude, que lhes dá a motivação e o reconhecimento que lá dentro de si mesmo não encontram.
Diz-me a experiência que os rapazes que se interessam por mulheres mais velhas até se sentem meio deslocados, preferindo a companhia de pessoas mais velhas, que se sentem mais maduros do que os outros mancebos da sua idade e que são mais as vezes em que acabam por integrar-se facilmente no grupo de amigos dela, do que o contrário. Todos os rapazes mais novos com quem me relacionei eram interessantes para mim (muito subjectivo isto do interesse), e melhor: esforçavam-se por ser. E eu sempre tive um fraquinho pelos que se esforçam, pelos que não desistem ao primeiro "não". A A.S. diz que "não gosta de coisas fáceis e que eles, os rapazes mais novos, não dão luta". Eu cá fujo desses que dão luta, detesto competição, o que eu gosto é de ser o objectivo da luta, o monte a escalar, a meta a alcançar. Os contos de fadas com princesas no cimo de torres sempre foram os meus preferidos. Simbolicamente, a torre é a questão etária e os rapazes mais novos que estão "em baixo" têm que "subir" para me alcançar. Porque na maioria das vezes não é a mulher mais velha que se comporta como uma jovem, é o rapaz que se comporta como se fosse mais velho.
A verdade é que vejo nos rapazes mais novos (mesmo nos que tentam disfarçar) uma certa "inocência amorosa", uma pureza no acreditar e na maneira como se entregam, amando como se amam grandes ideais, impetuosamente, generosamente, sem reservas, com a segurança dos que nunca sofreram. São como pedras em bruto, ainda intocadas pela inevitável erosão das relações.
Não vos digo qual das teorias é a que me veste, digo apenas que há várias histórias de mulheres mais velhas com rapazes mas novos que são histórias felizes e a minha é só mais uma delas.