quinta-feira, dezembro 29, 2005

Singularidades de uma rapariga loura 92 - natureza capilar


No auge de uma juventude narcisista, que as minhas amigas tiveram a paciência de atravessar comigo até aos dias de hoje, fiz uma lista de 25 defeitos físicos que me desgostavam e partilhei com elas. A A.S. lembra-se de certeza. Parecia uma contradição mas não era: gostava de mim de uma forma tão realista que queria estar consciente de cada bocadinho que podia ser melhorado. A tal lista não sei por onde andará mas os seus itens ainda estão cá todos. Não "melhorei" nenhum.

Um dos primeiros da lista era o meu cabelo. Uma massa loira e rebelde, revolta em caracóis desordenados, sedenta de cremes e outros produtos que a mesada estudantil não alcançava. Uma chatice que dava uma trabalheira desgraçada para desembaraçar e nunca ficava como eu queria. Perdi a conta das vezes em que "aluguei" a S. para me pentear. Sempre que podia esticava-o, para contrariar a sua natureza. Achava que a natureza dele (do cabelo) não era igual à minha. A nossa relação começou desde que, tendo a minha mãe cessado funções, tive que ser eu a cuidar dele e não nos demos bem porque como eu queria outro cabelo não cuidava bem do meu e ele revoltado, tornou-se quase indomável.

Ontem, ouvi de um profissional que é chegada a altura de assumir com orgulho a minha farta (e nada discreta) cabeleira. O mesmo já me diziam amigos e familiares, e recorrendo à piada fácil: já estavam carecas de o dizer. Percebi finalmente que o que me excedia em vaidade era o que me faltava em personalidade. Acredito que ainda vou a tempo por isso comecei a cuidar do meu cabelo e a investir na reconciliação.

Pode um antigo defeito virar motivo de orgulho? Não sei, estou só na fase experimental. Espero um dia vir a dizer: "Afinal não é defeito, é perfeito!"

1 Comments:

Blogger Lolita said...

Essa cabeleira é lindaaaaaaaaaaaaaaa!!!

11:27 da manhã  

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