quarta-feira, julho 25, 2007

Singularidades de uma rapariga loura 154 - Five 4 U

Bibliothéque en Feu, 1974 - Vieira da Silva

Escolhi um dos meus quadros preferidos da minha pintora preferida para responder ao desafio de uma das minhas pessoas preferidas. Sempre fui obediente, pedem-me para fazer e eu faço. Adoro convites. Amo listas. Além disso, um pedido dela não se recusa. Nunca.
Se por estes dias estivesse a morar nas terras de sua majestade, estes seriam os exemplares que, por razões puramente sentimentais e algum carácter de utilidade, salvaria das águas:
  • Os melhores contos de fadas - vários autores. Livro de tamanho bíblico, com capa cor de sangue e letras douradas, editado no ano em que nasci e comprado nesse mesmo ano por quem já me adivinhava a alma de sonho e fantasia. Desde a crença em animais que falam, passando por aventuras em vários reinos até à princesa na torre de gelo, 'vivi' todos. Com uma encadernação frágil, este ancião teria que ser transportado com muito cuidado. Poderia utilizá-lo para entreter crianças. Ou para afugentá-las.
  • O salto mortal - Marion Zimmer Bradley. O circo, o trapézio, o amor, a família de sangue e a família da estrada. Livro grande e resistente, poderia servir como arma de arremesso ou como degrau.
  • Os signos do zodíaco - Linda Goodman. O mais fiel e bem escrito espelho do céu. Menor que os dois anteriores mas ainda assim um livro volumoso. Poderia ser usado como base para quentes ou para iniciar um consultório de aconselhamento.
  • Clarissa - Érico Veríssimo. Refúgio de romantismo e memórias de adolescência. Como é fininho e maleável poderia servir de abano no caso de uma onda de calor repentina ou para atiçar o lume.
  • Contos - Eça de Queiroz. Ração infinita de portugalidade e de saudade. Usaria para dar aulas de português.
  • Os irmãos Karamazov - Dostoievski. Edição de bolso comprada num alfarrabista, numa fase em que tinha a mania. A mania já passou mas continuo a adorar épicos familiares. Só não sei em que 'bolso' estariam a pensar porque as dimensões deste livro assemelham-se a uma bola de queijo flamengo, se esta fosse quadrada. Daria um belo calço para mesas ou portas.

Não são cinco, eu sei, mas nem em pensamentos consegui deixar um deles a boiar...

quinta-feira, julho 19, 2007

Singularidades de uma rapariga loura 153 - Perfeito

O universo fez um círculo perfeito e colocou lá dentro o Eddie Vedder a cantar o 'You've Got to Hide Your Love Away' dos Beatles na Banda Sonora de um filme do Sean Penn e eu, bem no centro, a tocar a minha pandeireta virtual sem falhar nenhum acorde.

Se a Fnac fosse minha amiga e se eu não tivesse grandes 'miúfas' das compras online há muito que já teria o CD com a Banda Sonora do filme 'I Am Sam', totalmente composta por versões ma-la-vi-ló-sas de músicas dos Beatles. E pensar que esta foi a solução de recurso porque os direitos das versões originais eram muito caros...

Na falta do CD podem podem ouvir algumas dessas versões no meu folder do esnips, basta irem atrás desta... (clicar em 'Track details' e depois em 'More from this folder').

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segunda-feira, julho 02, 2007

Singularidades de uma rapariga loura 152 - Perdidos...

... em que pensamentos?

Foto da Esquire

sexta-feira, junho 29, 2007

O Suave Milagre 140 - Herança

Nasci com as mãos do meu pai e com os pés da minha mãe
Para sentir como um e caminhar como o outro
Sem poder separar-me
Como eles

segunda-feira, maio 07, 2007

O Suave Milagre 139 - O tipo de felicidade...

… que senti hoje ao tropeçar nesta musiquinha que eu adoro, numa versão inesperada mas bem a propósito, seguindo o impulso irresistível de me imaginar rodopiando descalça e envolta em panos coloridos, com pétalas de flores e um cheiro doce de baunilha à volta, sentindo uma alegria fluida e morna que rapidamente transbordou vazando pelos dedos, escorrendo sobre o teclado e desaguando num 'publish' é uma felicidade que se impôs partilhar.

Porque partilhar é preciso.


Pascal Of Bollywoo...

quinta-feira, maio 03, 2007

Singularidades de uma rapariga loura 151 - Olhem de lado mas olhem para mim

No nordeste brasileiro da minha infância havia um adjectivo que eu rejeitava. Incomodava-me quando me chamavam de 'amostrada' porque isso significava que era exibida, exagerada, descarada. Mas hoje, pensando bem, se 'amostrada' é 'aquela que se mostra' eu era mesmo uma menina muito 'amostrada'. Desde as incansáveis performances artísticas na escola e na família até declarar o meu amor e pedir o professor de Matemática em casamento, ficou claro que a timidez e o recato não eram os meus maiores encantos.

Cresci e continuei a não me importar que olhassem para mim. Até me divertia chegar atrasada às aulas e, com a sala cheia, passar em frente ao retroprojector de modo a que ninguém pudesse ignorar que eu tinha chegado. Nunca procurei visuais que me fizessem passar despercebida, muito pelo contrário, o meu objectivo era que me vissem nem que tivesse que aparecer de t-shirt em pleno inverno da Serra da Estrela ou com uma farta cabeleira de trancinhas de estilo afro. E também há quem recorde, passados muitos anos, um certo kispo de penas roxo e umas calças com flores rosa choque que, convenhamos, nem toda a gente teria personalidade para usar.

Foi preciso chegar aos 35 e estar temporariamente a usar muletas, que não são um acessório propriamente discreto, para me reconciliar com esta minha faceta 'amostrada'. Houve muitas alturas (e ainda vão haver outras tantas) em que ser assim me trouxe alguns dissabores e más interpretações. Alturas em que desejei ser uma pessoa mais discreta, mais comedida, mais recatada e até tentei mudar, mas sem um sucesso duradouro. Agora que passo os dias a coxear, a agradecer que me abram as portas, que me tragam a água, o café ou as fotocópias, a responder como é que foi, quando é que foi, onde é que foi, se dói e a mostrar o meu pezinho (que mesmo inchado é lindo) a uma média de 50 pessoas por dia, chego à conclusão que 'amostrada' afinal quer dizer 'aquela que se mostra porque é muuuuuito segura de si'.

terça-feira, abril 17, 2007

O Suave Milagre 138 - Na Páscoa morre-se e ressuscita-se


"Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há para viver
Vamos nos permitir..."

'Tempos Modernos' - Lulu Santos