O Suave Milagre 70 - a essência
Já passou um ano desde que este blog começou, meio por brincadeira, meio por moda e inspirado num banho de espuma.
E logo eu, que nunca escrevi diários durante a adolescência tal era o pânico que alguém pudesse ler o que me ia na alma.
Mas a vontade de escrever estava lá, sempre esteve, eu só não sabia o que fazer com ela.
Influenciada pela Anne Frank e pela Clarissa (Um lugar ao sol - Érico Veríssimo) também eu queria registar para a posteridade as minhas "growing pains" (sempre achei esta expressão a que melhor descreve a adolescência).
Mas mesmo com aqueles cadeados pequeninos, que regra geral acompanham os diários cor-de-rosa, nunca me senti segura o suficiente, por isso a solução que encontrei foi começar a ter correspondentes, os chamados "pen-friends". E assim, colocava o desabafo num envelope, selava e enviava para um desconhecido da mesma idade, a kilómetros e kilómetros de distância.
Eis por que acho incoerente que agora, trintona, esteja a manter esta espécie de "diário-sem-cadeado" a que potencialmente toda a gente tem acesso.
Mas também, a coerência nunca foi o meu forte.
Se calhar, no meu caso, o blog é o correspondente balzaquiano ao diário da adolescência.
Se calhar, no meu caso, os colegas bloguistas são os novos pen-friends, igualmente desconhecidos.
Os suportes podem variar ao longo do tempo mas a essência, essa será sempre a mesma... a mesma e constante necessidade tão bem descrita pela minha escritora de eleição:
"...escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio...
Não quero perguntar por quê, pode-se perguntar sempre por quê e sempre continuar sem resposta: será que consigo me entregar ao expectante silêncio que se segue a uma pergunta sem resposta? Embora adivinhe que em algum lugar ou em algum tempo existe a grande resposta para mim."
Clarice Lispector - Água Viva
Nota: curiosamente, indo aos arquivos, reparei que exactamente há um ano atrás coloquei aqui este mesmo texto da Clarice Lispector.
E logo eu, que nunca escrevi diários durante a adolescência tal era o pânico que alguém pudesse ler o que me ia na alma.
Mas a vontade de escrever estava lá, sempre esteve, eu só não sabia o que fazer com ela.
Influenciada pela Anne Frank e pela Clarissa (Um lugar ao sol - Érico Veríssimo) também eu queria registar para a posteridade as minhas "growing pains" (sempre achei esta expressão a que melhor descreve a adolescência).
Mas mesmo com aqueles cadeados pequeninos, que regra geral acompanham os diários cor-de-rosa, nunca me senti segura o suficiente, por isso a solução que encontrei foi começar a ter correspondentes, os chamados "pen-friends". E assim, colocava o desabafo num envelope, selava e enviava para um desconhecido da mesma idade, a kilómetros e kilómetros de distância.
Eis por que acho incoerente que agora, trintona, esteja a manter esta espécie de "diário-sem-cadeado" a que potencialmente toda a gente tem acesso.
Mas também, a coerência nunca foi o meu forte.
Se calhar, no meu caso, o blog é o correspondente balzaquiano ao diário da adolescência.
Se calhar, no meu caso, os colegas bloguistas são os novos pen-friends, igualmente desconhecidos.
Os suportes podem variar ao longo do tempo mas a essência, essa será sempre a mesma... a mesma e constante necessidade tão bem descrita pela minha escritora de eleição:
"...escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio...
Não quero perguntar por quê, pode-se perguntar sempre por quê e sempre continuar sem resposta: será que consigo me entregar ao expectante silêncio que se segue a uma pergunta sem resposta? Embora adivinhe que em algum lugar ou em algum tempo existe a grande resposta para mim."
Clarice Lispector - Água Viva
Nota: curiosamente, indo aos arquivos, reparei que exactamente há um ano atrás coloquei aqui este mesmo texto da Clarice Lispector.
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