quinta-feira, janeiro 13, 2005

Singularidades de uma rapariga loura 64 - Pause

Recentemente tenho tido dificuldade em responder objectivamente à pergunta "como estás?".
Primeiro porque a pergunta tem sido feita por pessoas genuinamente preocupadas com a resposta que merecem toda a sinceridade.
Depois porque como a Ni me fez perceber é inútil tentar disfarçar, tal como a história do algodão...não a engano a ela nem a ninguém.
Por causa disso acabei dando um coice desastrado na Estrela, que felizmente não acreditou na minha mal-amanhada convicção.
Acontece que não tenho encontrado a palavra certa para descrever o "como estou" e sai-me um "estou bem" que é muito vago para estes interlocutores.
Como sei que essas pessoas genuinamente preocupadas comigo passam por aqui, decidi esclarecer o meu estado de espírito.
Imaginem aqueles bonecos redondinhos dos jogos de computador que na tentativa de encontrar a saída do labirinto dão com uma parede e ficam a correr contra ela, sem sair do mesmo lugar. Um esforço em vão, portanto, simplesmente porque não têm uma visão global do objectivo, porque não vêem, porque não sabem. (Não levanto a hipótese do mau jogador porque acredito que Ele com os comandos na mão, sabe o que está a fazer).
Podia responder-vos que estou desorientada ou que estou estagnada. E seria tudo verdade.
O que me resta é continuar nesse jogo que tarda em mudar de nível, onde se repetem as mesmas situações, os mesmos cenários, os mesmos personagens.
O que me resta é continuar até que possa ver o que ainda não vejo, até que possa saber o que eu ainda não sei.


"Não me iludo
Tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole
Pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó Pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei."

Tempo rei
música e letra: Gilberto Gil
1984