O Suave Milagre 47 - monday morning
ontem de manhã, ainda sem controlar a minha débil coordenação motora, cheguei à paragem do autocarro graças à interiorização do trajecto, feito que consigo através de uma técnica de rotina avançada
sentei-me no banco frio, esperando que o choque térmico acordasse definitivamente os meus sentidos
depois enfiei o braço todo dentro da mala (quase até as axilas) tacteando lentamente à procura de "não-me-lembro-o-que", com esse gesto tão feminino de encontrar coisas que estão na mala sem olhar para dentro dela...
enquanto apurava o meu tacto, procurando o objecto-mistério, comecei a admirar a fauna à minha volta: um adolescente que abusa do gel e uma anciã que abusa da laca, graças a eles o meu olfacto despertou totalmente
uma vez esgotada a fauna, passei à flora envolvente e aí sim, aguardava-me uma surpresa...
à minha esquerda numa árvore esguia e alta estava uma folha A4 pregada com pionés, onde escrita a computador, podia ler-se a seguinte mensagem:
"A. Perdoa-me. Por favor volta para me."
deixei o braço descançar inerte dentro da mala e dediquei-me à divagação
- tem um erro, deve ser estrangeiro...
- foi um homem, de certeza....e porque não uma mulher? não parece...foi um homem... arrependimentos públicos, declarações públicas.... sim, foi um homem...
- é bem capaz de estar aqui perto, escondido para a ver a reacção dela quando ler...pode estar dentro de um carro estacionado...
- pelo menos ele separou os dois pedidos, uma coisa é ela perdoar outra coisa é voltar para ele...
fui interrompida bruscamente pelo autocarro, entrei e não pensei mais nisto o resto do dia mas à noitinha quando estava a chegar a casa fui espreitar a árvore e o bilhete já não estava lá...terminei a Segunda-feira tal como comecei: divagando...
sentei-me no banco frio, esperando que o choque térmico acordasse definitivamente os meus sentidos
depois enfiei o braço todo dentro da mala (quase até as axilas) tacteando lentamente à procura de "não-me-lembro-o-que", com esse gesto tão feminino de encontrar coisas que estão na mala sem olhar para dentro dela...
enquanto apurava o meu tacto, procurando o objecto-mistério, comecei a admirar a fauna à minha volta: um adolescente que abusa do gel e uma anciã que abusa da laca, graças a eles o meu olfacto despertou totalmente
uma vez esgotada a fauna, passei à flora envolvente e aí sim, aguardava-me uma surpresa...
à minha esquerda numa árvore esguia e alta estava uma folha A4 pregada com pionés, onde escrita a computador, podia ler-se a seguinte mensagem:
"A. Perdoa-me. Por favor volta para me."
deixei o braço descançar inerte dentro da mala e dediquei-me à divagação
- tem um erro, deve ser estrangeiro...
- foi um homem, de certeza....e porque não uma mulher? não parece...foi um homem... arrependimentos públicos, declarações públicas.... sim, foi um homem...
- é bem capaz de estar aqui perto, escondido para a ver a reacção dela quando ler...pode estar dentro de um carro estacionado...
- pelo menos ele separou os dois pedidos, uma coisa é ela perdoar outra coisa é voltar para ele...
fui interrompida bruscamente pelo autocarro, entrei e não pensei mais nisto o resto do dia mas à noitinha quando estava a chegar a casa fui espreitar a árvore e o bilhete já não estava lá...terminei a Segunda-feira tal como comecei: divagando...
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