sexta-feira, abril 30, 2004

Singularidades de uma rapariga loura 43 - segurança

às vezes quem me vê, olha com estranheza
e admira-se com o diferente
às vezes quem me ouve, ouve idealismo e utopia
e desaprova os pés que não estão bem assentes no chão
às vezes quem me toca, sente sonho e imaginação
e duvida do que não consegue explicar, só sentir
mas quem me conhece ainda não conhece nem a metade
porque à medida que avanço no tempo e nas lições
mais atenta fico a todo esse processo
mais me espanto comigo mesmo
mais tempo dedico a conhecer-me
mais quero aprender e ver e viver
mais determinada me torno em registar tudo
escrevendo pensamentos e sentimentos
sem o peso das minhas próprias comparações e expectativas
aquela tremura que me suspende a mão
antes dos dedos tocarem o teclado
intimamente sinto que é arriscado:
conhecer-me para aceitar-me
aceitar-me para assumir-me
mas espero conseguir assim
o meu maior feito:
eu segura.