quinta-feira, dezembro 07, 2006

Singularidades de uma rapariga loura 127 - Os duros, os moles e a impostora

Ah, o Norte, o Norte... por mais anos que viva e conviva com o Norte, haverá sempre coisas que me escapam.
Na aldeia minhota para onde vou aos fins-de-semana ouvi chamar "impostora" a uma bebé de 2 mesinhos, por mais do que uma pessoa. Chamaram-lhe isso quando ela parou de chorar por pegarem-na ao colo. Como me explicou um minhoto "as gentes no Norte são rudes porque aceitam que a vida é dura e não tentam furtar-se a isso". Em resposta ao meu protesto chamaram-me mariquinhas, frasquinho-de-cheiro, flor-de-estufa e outros mimos, que com orgulho aceitei, a todos agradeci e continuei achando que era uma palavra forte demais para uma bebé.
Quem é que lhes disse que a miúda só podia chorar por causa da fralda e da comida? E se lhe doessem as costas de estar sempre na mesma posição? E se estivesse com frio? E se tivesse uma comichão na perna? E se apenas quisesse olhar para outra coisa sem ser o tecto? E se quisesse mesmo colo?
Como não estava autorizada a pegar na "impostora", aproximei-me dela e disse-lhe baixinho: "a vida nem sempre é dura, minha querida, mas prepara-te porque eles são".

"Hay que endurecer-se, pero sin perder la ternura jamás!" (Ernesto Che Guevara)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Espectáculo!...ainda bem que deixamos ir para o Minho, dar outra perspectiva da vida a alguém que acabou de nascer! (a tua *)

8:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mas com certeza ela terá alguém pra mostrar o lado cor-de-rosa da vida ;) Fico feliz por ela!!!

Beijinhos

2:18 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu que sou uma mulher do Norte (Minho, nada de confusões), continuo a surpreender-me com as manifestações de rudeza de alguns exemplares!!!

8:48 da tarde  

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